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O mercado imobiliário brasileiro dá sinais claros de reaquecimento e, mais do que nunca, exige atenção de quem atua na linha de frente. Duas notícias recentes ajudam a ilustrar o momento e apontam caminhos para quem quiser se antecipar às tendências que estão redesenhando o setor.
A primeira vem do mercado corporativo: segundo reportagem da Exame, São Paulo acaba de registrar o menor índice de vacância em escritórios de alto padrão dos últimos 14 anos. A demanda por locações comerciais voltou com força, e regiões antes periféricas, como a Avenida Rebouças, despontam como novos polos empresariais. O preço do metro quadrado nessa área já subiu quase 25% em um ano, impulsionado por empresas que buscam localizações estratégicas fora dos eixos saturados.
Depois de anos de “vacas magras”, o aluguel comercial vive um novo ciclo. E esse movimento não se limita à capital paulista. Diversas cidades brasileiras relatam aumento na procura por espaços bem localizados, modernos e com boa infraestrutura. A lição para as imobiliárias é clara: é hora de revisitar o portfólio e olhar com atenção para regiões em transformação. A reconfiguração urbana abre oportunidades para quem conhece de perto sua praça e sabe identificar o momento em que o entorno começa a ganhar tração. Muitas vezes, o bairro que parecia secundário ontem será o ponto mais disputado amanhã.
A segunda matéria, publicada pela Folha de S.Paulo, trata de um tema que atinge divesos mercados inclusive o imobiliário: a chamada “longevidade ativa”. Incorporadoras estão desenvolvendo produtos de luxo voltados para um público acima dos 70 anos pessoas com renda, saúde e vontade de continuar vivendo com independência, conforto e conexão com a cidade. É a economia prateada ganhando expressão no setor imobiliário.
O crescimento desse nicho mostra como envelhecer bem virou uma pauta urbana e de mercado. Empreendimentos com design funcional, serviços sob demanda e tecnologia para autonomia estão se tornando tendência primeiro no alto padrão, mas com potencial de expansão para outras faixas de renda. Para as imobiliárias, o recado é duplo: há uma demanda reprimida por moradias adaptadas e, ao mesmo tempo, um público disposto a investir em qualidade de vida. Compreender esse novo perfil de cliente é fundamental para oferecer produtos e experiências condizentes com suas expectativas.
Esses dois movimentos o avanço dos escritórios e a valorização da moradia para a terceira idade ativa têm algo em comum: ambos premiam quem se antecipa. O corretor ou gestor que observa seu entorno com sensibilidade, entende as mudanças demográficas e econômicas e ajusta sua estratégia local estará sempre um passo à frente.
O Brasil vive uma transformação silenciosa, em que o mercado imobiliário se adapta às novas formas de viver, trabalhar e envelhecer. Cabe às imobiliárias e incorporadoras se conectarem a essa realidade mapeando bairros emergentes, formando parcerias estratégicas e, sobretudo, escutando os sinais que o mercado já está emitindo.
No fim das contas, as oportunidades nunca desaparecem elas apenas mudam de endereço.
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